Não é culpa sua – saia do relacionamento abusivo

Pensei muito se deveria ou não postar esse texto, é muito intimo, talvez seja exposição demais, mas acredito que vá ajudar muitos seguidores do Bonitonas, então, aqui estamos.

A primeira vez que namorei durou 5 dias, eu nunca tive paciência para isso e gostava muito mais de ter amigos a ficantes ou namorados,e só namorei por curiosidade, queria saber como era e pedi pro meu então namorado que vou chamar de B para tirar minha virgindade. B que era meu amigo e me conhecia bem disse que não, porque ele sabia que eu não gostava de verdade dele, mesmo sendo um adolescente ele teve maturidade para conversar comigo e dizer que eu deveria fazer isso quando eu me apaixonasse de verdade… bom, concordei com ele e criei essa ilusão na minha cabeça.

Não demorou muito tempo e eu me apaixonei, o rapaz, que vou chamar de X era 4 ou 5 anos mais velho que eu… alto, bonito, fortão, fiquei bem encantada, apaixonada, mas eu tinha um ideal mágico em minha mente, queria um príncipe encantado para perder minha virgindade. Fora a falta de assunto, galinhagem, falta de respeito, mentiras, ele parecia a pessoa ideal. Mas gente, eu tinha 17 anos, me deem um desconto. Segurei a onda por 1 ano, mas um dia me trancaram em 1 quarto, isso mesmo, fiquei presa num quarto com o X, e assim eu acabei me entregando. Não fui estuprada não, que fique bem claro, mas as coisas não foram como eu queria. Não houve violência sexual, mas não posso falar o mesmo da violência psicológica já que ele disse que se não fosse para ficar naquela hora, ele não conversaria mais comigo. X acordou no dia seguinte e não conversou comigo naquele dia, na verdade por vários dias, depois me disse que não falou comigo para não me iludir. Eu acreditei, e voltei a ficar com ele. Sim, estava apaixonada e cega para cair nesse papo.  E continuei até o dia em que ele começou a namorar outra pessoa.

Após isso tive outro relacionamento abusivo, vou chamá-lo de Y, e ele veio com um discurso de que nossa conexão era forte demais, que se eu fizesse as coisas do jeito que ele dizia tudo ia dar certo. Reclamava da minha roupa, criticava a faculdade, meus amigos, usava drogas de variados tipos perto de mim, me deixava sozinha em qualquer lugar e sumia, me chamava de burra, e eu só consegui acabar com esse relacionamento quando Y engravidou uma menina.

Conheci pouco tempo depois uma pessoa muito legal, que vou chamar de W, ele era 6 anos mais velho, muito inteligente, independente, divertido, parecia um príncipe encantado,  mas morava a muitos km de mim, 3 anos eu vivi esperando, ansiosa, porque quando estávamos juntos tudo era perfeito, mas a maioria do tempo ele vivia dizendo sempre que era muito ocupado, atarefado, até ele vir pra BH e eu descobrir que existia mais de uma princesa nessa história.

O último caso vou chamar de Z, foram anos de um bom relacionamento, quase perfeito, até o momento em que passei a ser a culpada por tudo, Z tinha seus problemas, medos, dúvidas, e sem perceber jogou tudo em cima de mim, o último ano em que estivemos juntos aos trancos e barrancos foi o pior ano da minha vida, entrei em depressão, precisei de tratamento psicológico, holístico, xamã, rs, enfim, recorri a tudo que podia para superar e resistir, acreditava que era o amor da minha vida… até que Z resolveu que o amor da vida dele era outra pessoa.

O ponto comum nas histórias? De alguma forma todos me fizeram acreditar que a culpa era minha. E eu engrandeci e dei todo o destaque da minha vida a eles em detrimento das minhas vontades, da minha personalidade. E eu sei que muitas meninas passam por isso, sofrem com isso. Gatinha, não é culpa sua, você não é obrigada a fazer sexo para provar amor, não deve aceitar migalhas de atenção por amor, a colocar sua vida e saúde em risco por amor, para ser clara, isso não é amor nem de longe.

Eles fazem você pensar que é louca, exagerada, que está sendo injusta com eles. Começa a pensar que não deu certo por sua culpa, mas prestem atenção, NÃO É CULPA SUA.

Se você não modificar sua linha de pensamento, não focar sua energia em você e trabalhar seu amor próprio vai acabar atraindo mais relacionamentos desse tipo e vai continuar destinando amor e atenção para pessoas que não merecem.

Vocês são fortes, se bastam, e não precisam aceitar migalhas, amem-se, com seus defeitos, qualidades, sonhos e desejos, não deixem ninguém tirar isso de vocês.

Demorei pra perceber que acabei atraindo esse mesmo tipo de relacionamento, me habituei tanto a aceitar, acreditar, a colocar panos quentes que não percebi a cilada que estava me metendo. Todo mundo é bom demais da boca pra fora, mas observe atentamente as atitudes, elas é que mostram o verdadeiro valor e caráter de cada um. Eu demorei pra enxergar o erro, mas acho que mostrando um pouco do que vivi posso ajudar para que vocês não cometam os mesmos vacilos que eu.

O texto é enorme, mas a conclusão é simples: você deve ser sempre o maior amor da sua vida,  respeite-se, ame-se com intensidade e não aceite nada menos que isso.

Lívia Monteiro é escritora, produtora de eventos, especialista em gestão cultural e MBA em Gestão de Projetos com aprofundamentos em Dragon Dreaming, Facilitação de processos e Otimização do tempo. Adora falar sobre moda, filmes/séries, livros e viagens. Atualmente está em processo de criação de um novo projeto de autoconhecimento e crescimento com a AmaiLuz Terapias e atua como analista de Marketing Digital e blogueira Modacad.