O que é sororidade?

Quando era novata nas causas e estudos femininos e feministas eu percebi uma palavra muito utilizada, mas que eu não fazia ideia do significado: SORORIDADE. O tempo foi passando e eu me habituei a ela, introduzi no meu vocabulário também, entendi o seu significado e aproveitando a “semana das mulheres” resolvi falar um pouco sobre isso aqui no Bonitonas.

Literalmente sóror é irmã, e frater é irmão, ambas as palavras vem do latim, o que quer dizer que nossa linguagem não adaptou o sentido feminino, uma vez que a palavra sororidade não existe oficialmente em português, ela foi uma “criação” do movimento feminista para definir a irmandade que tanto se prega nesse universo, inclusive ela fica sublinhada de vermelho toda vez que eu escrevo aqui… rs

Em uma definição mais formal, sororidade é “uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo. É uma experiência subjetiva entre mulheres na busca por relações positivas e saudáveis, na construção de alianças existencial e política com outras mulheres, para contribuir com a eliminação social de todas as formas de opressão e ao apoio mútuo para alcançar o empoderamento vital de cada mulher. A sororidade é a consciência crítica sobre a misoginia e é o esforço tanto pessoal quanto coletivo de destruir a mentalidade e a cultura misógina, enquanto transforma as relações de solidariedade entre as mulheres.”  Marcela Lagarde

 

Em uma definição mais romântica e a que eu mais gosto é a união de todas as mulheres pela liberdade de sermos quem quisermos ser, a empatia, é nos colocarmos no lugar umas das outras, é dizer: eu estou aqui irmã, pode contar comigo. Não quer dizer que toda e qualquer atitude da pessoa será aprovada simplesmente por ser mulher, quer dizer que devemos entender que cada uma tem uma causa, uma vivência, e experiência única, e que devemos respeitar isso, ainda que não concordemos.sororidade

Não é para passar a mão na cabeça e falar: “pode falar tudo que quiser, pois você é mulher”, e sim entender os pontos de vista, defender suas ideologias e crenças sem ofender, sem desmerecer a causa alheia. É entender que as demandas são diferentes para cada mulher, as negras, por exemplo, elas precisam de um espaço diferente, um destaque que ainda não conquistaram, elas precisam ser enxergadas, ouvidas, atendidas em suas demandas, e isso não quer dizer que eu não posso apoiar suas causas, e sim que não devo querer protagonizá-las.

Eu particularmente nunca sofri preconceito por ser negra, descendente de indios, portugueses, enfim, sou de cor indefinida apesar de me autointitular negra. Logo, ainda que conheça bem a causa não posso querer me destacar atraves dela, existem pessoas com essas vivências que podem falar melhor que eu, então o que o intitulado “feminismo branco” deveria fazer? Dar esse espaço e lugar de fala, e não tentar se destacar como boazinha que faz um favor de ceder. Nossas irmãs negras estão lutando por causas que a maioria das mulheres já conquistaram, sofrem com o machismo de uma forma que provavelmente as outras mulheres desconhecem. Isso citando apenas essa “dualidade”, ainda temos as causas específicas das lésbicas, das prostitutas, a questão da diferença salarial, o tráfico de mulheres, as imposições de beleza que vivemos a vida toda, o casamento de homens adultos com crianças (e não estou falando de países “atrasados”, Brasil também tem esse absurdo), entre tantas causas que as pessoas defendem e que muitas vezes focamos só nas nossas, ignorando que há muito mais coisas além do nosso umbigo.

Devemos usar a empatia e entender que não tem como juntar tudo em um pacotão e falar feminismo é ‘isso’ e pronto. Não acho correto quando algumas mulheres minimizam ou ridicularizam a causa das outras e as consideram menos importantes. Cada uma sabe onde dói o calo, aonde o machismo e o patriarcado ferem mais, o coletivo é importante, mas não podemos ignorar que cada uma de nós tem suas próprias dores e que elas refletem nas causas que engajamos. Nessa compreensão é que entra a sororidade:  nenhuma mulher deve ser calada, independente da sua causa, devemos nos abraçar, e transmitir da melhor forma que pudermos a mensagem de que somos irmãs, mesmo que nossas lutas sejam diferentes.

Então para mim sororidade tem a ver com apoio mútuo entre as mulheres, compreendendo as suas diferentes necessidades, respeitando seus espaços e valorizando suas conquistas.

Resumidamente é isso que eu entendi sobre o termo, não sei se consegui me expressar bem pois ainda sou estudante do ‘prézinho’ nesses assuntos. Então caso alguém discorde ou queira esclarecer melhor deixe a opinião aqui nos comentários! 😉

Lívia Monteiro é escritora, produtora de eventos, especialista em gestão cultural e MBA em Gestão de Projetos com aprofundamentos em Dragon Dreaming, Facilitação de processos e Otimização do tempo. Adora falar sobre moda, filmes/séries, livros e viagens. Atualmente está em processo de criação de um novo projeto de autoconhecimento e crescimento com a AmaiLuz Terapias e atua como analista de Marketing Digital e blogueira Modacad.